Eu queria uma escola que cultivasse
a curiosidade de aprender
que é em vocês natural.
Eu queria uma escola que educasse
seu corpo e seus movimentos:
que possibilitasse seu crescimento
físico e sadio. Normal
Eu queria uma escola que lhes
ensinasse tudo sobre a natureza,
o ar, a matéria, as plantas, os animais,
seu próprio corpo. Deus.
Mas que ensinasse primeiro pela
observação, pela descoberta,
pela experimentação.
E que dessas coisas lhes ensinasse
não só o conhecer, como também
a aceitar, a amar e preservar.
Eu queria uma escola que lhes
ensinasse tudo sobre a nossa história
e a nossa terra de uma maneira
viva e atraente.
Eu queria uma escola que lhes
ensinasse a usarem bem a nossa língua,
a pensarem e a se expressarem
com clareza.
Eu queria uma escola que lhes
ensinassem a pensar, a raciocinar,
a procurar soluções.
Eu queria uma escola que desde cedo
usasse materiais concretos para que vocês pudessem ir formando corretamente os conceitos matemáticos, os conceitos de números, as operações... pedrinhas... só porcariinhas!... fazendo vocês aprenderem brincando...
Oh! meu Deus! Deus que livre vocês de uma escola
em que tenham que copiar pontos.
Deus que livre vocês de decorar
sem entender, nomes, datas, fatos...
Deus que livre vocês de aceitarem
conhecimentos "prontos",
mediocremente embalados
nos livros didáticos descartáveis.
Deus que livre vocês de ficarem
passivos, ouvindo e repetindo,
repetindo, repetindo...
Eu também queria uma escola
que ensinasse a conviver, a
coooperar,
a respeitar, a esperar, a saber viver
em comunidade, em união.
Que vocês aprendessem
a transformar e criar.
Que lhes desse múltiplos meios de
vocês expressarem cada
sentimento,
cada drama, cada emoção.
Ah! E antes que eu me esqueça:
Deus que livre vocês
de um professor incompetente.
(Carlos Drummond de Andrade)
Fonte: http://www.bancodeescola.com/andrade.htm
Este poema nos leva a refletirmos sobre uma escola ideal em que os processos educarivos pudessem ocorrer de maneira mais prazerosa e menos burocrática.
Escrito pelo grande poeta brasileiro Carlos Drumond de Andrade, também cronista e tradutor, o poema "Para Sara, Raquel, Lia e para todas as crianças" faz uma crítica a educação tradicional de processos mecanicistas e pouco atraente ao mesmo tempo em que nos faz pensarmos em uma "escola dos sonhos" que valorize a curiosidade, o senso crítico e reflexivo dos educandos os fazendo pensar e raciocinar na busca das soluções dos problemas que lhe são propostos estabelecendo uma forma mais interativa e viva na construção do conheimento. Uma forma contrária ao aprendizado de conhecimentos "prontos mediocremente embalados em livros didáticos descartáveis" como mensiona no poema.
Esta escola dos sonhos, descrita por Andrade pode se tornar realidadade na medida em que pensarmos no processo educativo como algo fundamental e inerente a formação do ser humano e a partir daí buscarmos continuamente novos caminhos para uma educação transformadora, criativa e porque não dizer, apaixonante para todos!
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